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“POST SCRIPTUM”: A Pintura Mural da Grécia Pré-Helênica ao México Pós-Revolução

29 jan

A obra de Diego Rivera tem uma importância dentro do contexto artístico não tanto por inovações técnicas ou estéticas, mas exatamente pela retomada de processos de produção artística que haviam perdido prestígio nos últimos 3 séculos: a pintura de afrescos.

Os afrescos (ou frescos) têm seu nome ligado quase que literalmente ao princípio básico para a sua pintura, já que as tintas precisam ser aplicadas rapidamente sobre a camada de gesso ainda úmida. O contato desse pigmentos gera uma reação química capaz de proteger as cores da oxidação natural evitando o clareamento observado, por exemplo, na pintura sobre pedra ou sobre a cerâmica cozida.

A produção dos afrescos é muito antiga, mas incrivelmente semelhante nas diferentes regiões em que foi utilizada. Em 1500 A.C, na ilha de Creta na Grécia, já eram pintados murais relacionados à decoração e a cerimônias religiosas, com técnicas possivelmente trazidas pelas rotas comerciais,  uma vez que modelos contemporâneos foram encontrados no Oriente Próximo e na Ásia.

Fragmento de afresco da cidade de Tiryns (atual Grécia) c. 1500 BC [Museu Arqueológico de Atenas]

Fragmento de afresco da cidade de Tiryns (atual Grécia) c. 1300 BC [Museu Arqueológico de Atenas] ©errantius

Afrescos nas tumbas da Necrópole Etrusca de Tarquínia (atual Itália, c. 600 BC)

Afrescos nas tumbas da Necrópole Etrusca de Tarquínia (atual Itália, c. 600 BC) ©errantius

O fato é que civilizações gregas produziram afrescos em todas as suas colônias espalhadas pelo Mediterrâneo e foram as grandes responsáveis por sua popularização. Os romanos anos mais tarde assimilaram a técnica, que assumiu uma posição de status e luxo decorativo como pode ser visto nas cidades etruscas de Cerveteri e Tarquínia e nas casas de Pompéia e Herculano. Do mesmo modo, as primeiras catacumbas e igrejas paleocristãs na Capadócia, na Grécia e na atual Itália tinham suas paredes forradas por afrescos com as símbolos e histórias da religião que rapidamente se difundia e que tentava se fazer entendida pelos fiéis.

Afresco em teto de igreja paleocristã na Capadócia (Ihlara Gore, c.700 DC)

Afresco em teto de igreja paleocristã na Capadócia (Ihlara Gorge, c.700 DC) ©errantius

Se na Idade Média houve uma convivência gradual da pintura mural com os mosaicos, mais simples dentro do padrão esquemático do época,  o Renascimento viu os afrescos de grandes expoentes financiados pelos mecenas e pela igreja católica recobrir os palácios, villas e igrejas: Giotto, Piero de la Francesca, Luca Signorelli, Raphael e finalmente Michelangelo com a obra-máxima: a Capela Sistina no Vaticano.

A Escola de Atenas, de Raphael, no Vaticano (c. 1510) ©errantius

A Escola de Atenas, de Raphael, no Vaticano (c. 1510) ©errantius

Quattrocento que popularizou os afrescos também mostrou seu lado mais fraco: a imobilidade. Na era das navegações e do comércio internacional, os murais “aprisionados” nas paredes não podiam ser divulgados tão facilmente, não podiam ser vendidos ou trocados e, para serem apreciados, exigiam o deslocamento do peregrino-expectador. É bem verdade que modelos e projetos se difundiam pelo mundo, no entanto longe de dar a dimensão exata do efeito que a pintura mural provocava.

Assim, a tinta a óleo aplicada sobre telas foi ocupando os nichos e retábulos das igrejas e as paredes dos palácios, deixando os tetos guarnecidos pelas colunas e duomos quase que como único espaço para os afrescos. No auge da produção artística ligada à igreja que convencionamos chamar de Barroco, com sua pompa quase teatral, a perspectiva em fuga e a ilusão de ótica criaram o paraíso, escondido entre nuvens e anjos pintados numa camada de gesso de poucos milímetros.

Afrescos de Andrea Pozzo na nave da Igreja de Sant'Ignazio, Roma (c. 1685) ©errantius

Afrescos de Andrea Pozzo no teto da nave da Igreja de Sant’Ignazio, Roma (c. 1685) ©errantius

Foi reconstruindo esse mesmo caminho de uma arte “didática”, em que as paredes pretendiam ensinar as histórias de um povo e também afirmar o poder de um governo que buscava sua afirmação e sua legitimidade, que surgiu o muralismo mexicano.

Seus grandes expoentes – Diego Rivera, David Alfaro Siqueiros e José Clemente Orozco – de uma forma ou de outra puderam observar na Itália a força dessas imagens e ao retornar ao México no início dos anos 20 – em um dos maiores e mais organizados programas de financiamento público para a produção artística, antes mesmo da publicidade soviética ou do Federal Art Project do New Deal americano – cobriram as paredes dos colégios, palácios, sedes governamentais e secretarias, igrejas e hospitais com as lendas pré-hispânicas, com os líderes da independência e da Revolução, com as críticas aos antigos políticos e com os 400 anos de história do seu povo que buscavam re-significar.

El Abrazo Campesino, um dos primeiros murais de Rivera, na Secretaria de Educación Publica (c. 1923): quase um santo na paisagem renascentista.

El Abrazo Campesino, um dos primeiros murais de Rivera, na Secretaria de Educación Publica (c. 1923): quase um santo na paisagem renascentista.

São Francisco pintado por Giotto na Basilica de Assis (c. 1300)

São Francisco pintado por Giotto na Basilica de Santa Croce, Firenze (c. 1320)

Siqueiros e Rivera ao longo das três décadas seguintes foram gradativamente se distanciando nas suas linhas políticas e nos seus traços artísticos. Enquanto o primeiro inovava no uso de novas técnicas e materiais, na composição tridimensional, curva e irregular, muito mais alinhada com o restante dos movimentos artísticos do seu tempo, Rivera manteve-se rigorosamente fiel à uma perspectiva quase bizantina, em que seus personagens de linhas claras e bem definidas apareciam em camadas (e histórias) sobrepostas nos cerca de 300 murais que produziu.

Siqueiros Del Porfirismo a la Revolución (Palacio de Chapultepec,

Siqueiros: Del Porfirismo a la Revolución (Castillo de Chapultepec, 1957)

Sua obsessão pelo mural foi tão grande que para uma exposição no Museu de Arte Moderna em New York, no início dos anos 30, produziu um conjunto de 8 murais “portáteis” com quase 500 kg cada mas que podiam ser transportados, quase que como uma vingança contra toda a história do aprisionamento das imagens dos afrescos às paredes.

Murais "portáteis" de Rivera no MoMA em novo exibição, 2011-2012

Murais “portáteis” de Rivera no MoMA em novo exibição, 2011-2012
[www.moma.org]

Nos anos 50, no entanto, o muralismo perdeu sua força, talvez por todas as mudanças dos anos do pós-guerra ou pelo simples diminuição das expectativas que os artistas depositavam na Revolução Mexicana. O fato é que até hoje enfrentam as críticas daqueles que o vinculam à idéia de uma arte relacionada à publicidade oficial.

Aos olhos do expectador atual, em que todas as revoluções parecem cobertas por uma camada de poeira de quase um quarto de século, as paredes e muros das cidades são muito maiores e não precisam de qualquer afresco ou financiamento para serem cobertos com graffiti.  E outros artistas, anônimos ou não, mantém a tradição que pode ser resumida em uma simples necessidade de contar suas histórias.

Zapata Jedi, em Chicago, by Jasso [http://sundaynoises.wordpress.com]

Zapata Jedi, em Chicago, by Jasso
[http://sundaynoises.wordpress.com]

Bansky no México, 2001.

Mariachi de Banksy no México, 2001.

Exército Zapatista de Libertação Nacional (Bansky, 2001)

Exército Zapatista de Libertação Nacional (Banksy, 2001)

MURAIS DE DIEGO RIVERA NO MÉXICO: (17) EXEKATLKALLI – LA CASA DE LOS VIENTOS EM ACAPULCO

22 jan

Após retornar da viagem que fez à União Soviética e aos países do Leste europeu em 1956 para receber sessões de radioterapia buscando controlar um câncer na região pélvica, Rivera passou uma temporada na residência de Dolores Olmedo em Acapulco.

A casa, construída nos anos 40 com cerca de 3000 m2, fica nas encostas de La Pinzona, estreito istmo que liga a península de La Playa ao continente, com uma vista privilegiada da Baía de Acapulco; tema, aliás, de uma série de telas produzidas pelo artista durante a estadia.

Em um dos seus últimos trabalhos, em pedras e cerâmica colorida, Rivera decora os muros da casa com mosaicos-esculturas. À esquerda da entrada, o sempre presente Quetzálcoatl – a serpente de plumas onduladas da mitologia pré-hispânica – acompanhada de um sapo, uma brincadeira que o pintor fazia com a própria fisionomia. À direita, outras duas figuras aztecas: Tlalóc, o deus das chuvas, e Coatlicue, a deusa da vida e da morte.

A casa, propriedade de um dos netos de Olmedo, foi comprada recentemente por Carlos Slim em parceria com o Governo do Estado e a Conaculta (Consejo Nacional para la Cultura y las Artes) com a expectativa de restauração dos murais e a abertura de um museu no local.

  • A OBRA: Murales de Exekatkalli
  • A OBRA: Murales de Exekatkalli – Quetzálcoatl
  • A OBRA: Murales de Exekatkalli – Tlalóc e Coatlicue
  • COMO CHEGAR: Acapulco fica no litoral do Pacífico, a cerca de 400 km da capital federal, o que torna uma viagem de apenas um dia inviável. Chegando lá, de carro, avião ou ônibus, uma boa referência de como chegar à Casa de los Vientos é o Mirador de la Quebrada, famoso pelos saltadores do alto dos rochedos. Caminhe cerca de 800 metros colina acima, pela Avenida Inalámbrica, até chegar ao destino.

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  • HORÁRIOS E PREÇOS: Os principais murais estão nos muros externos, portanto não há horário. Há previsão de inauguração de um museu em breve, permitindo a visita pela casa e pelos murais internos.

MURAIS DE DIEGO RIVERA NO MÉXICO: (16) MUSEO SOUMAYA

20 jan

Em 2011 foi inaugurada pelo milionário das telecomunicações, Carlos Slim, a nova sede do Museo Soumaya que possui a maior coleção privada de esculturas de Rodin e o maior acervo de Salvador Dalí na América Latina, além de obras de Leonardo da Vinci, Picasso e Renoir.

A ausência de uma grande obra de Diego Rivera foi resolvida com a aquisição (estimada em US$ 2 milhões) de um dos últimos murais produzido pelo artista entre 1953 e 1956 para o produtor de cinema Santiago Reachi, sócio de Cantinflas na Posa Filmes e responsável pelos maiores bilheterias do cinema mexicano da época.

Com 1,54 por 8,7 metros o mural de mosaicos venezianos, hoje no saguão principal do Museo Soumaya, foi originalmente projetado em dupla face para o jardim da casa do cineasta em Cuernavaca. Em 1960, com a venda da propriedade, o mural foi transferido para o saguão do Casino de la Selva e em 1980 para o Hotel de México, na capital. Com o fechamento do hotel em 1985, o mural foi retirado e por mais de 20 anos ficou guardado em um armazém, sendo exibido novamente somente em 2007 no Centro Cultural Muros em Cuernavaca até ser adquirido por Slim.

Rio Juchitlán (ou lugar onde as flores são abundantes, em náhuatl) mostra um grupo de mulheres em atividades cotidianas – lavando roupas, tomando banho e banhando seus filhos – às margens do rio, na região de Oaxaca no sul do país. Um ano antes de compor o mural, Rivera havia pintado quatro outros painéis menores em óleo sobre tela com os mesmos motivos, hoje fazendo parte de coleções particulares.

  • A OBRA: Rio Juchitlán
  • A OBRA: Rio Juchitlán (DETALHES DAS DUAS FACES)
  • A OBRA: Rio Juchitlán (DETALHES)
  • COMO CHEGAR: Na valorizada região de Polanco, ao norte do Bosque de Chapultepec. O acesso por transporte público é um pouco difiícil. A melhor opção é pegar o Metro até a estação Polanco (linha 7), andando cerca de 2 km pela Avenida Horacio até o cruzamento com a avenida Ferrocarriles (FC) de Cuernavaca. Vire à direita e caminhe mais 3 quadras até o museu que será facilmente reconhecido pelo seu formato.

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  • HORÁRIOS E PREÇOS: O museu funciona todos os dias do ano, entre 10:30 e 18:30. A entrada é gratuita.

MURAIS DE DIEGO RIVERA NO MÉXICO: (15) MUSEO ANAHUACALLI

19 jan

A única experiência de Diego Rivera como arquiteto iniciou-se em 1946 com a proposta de criação de um enorme edifício em formado piramidal de influências aztecas e maias que recebeu o nome Anahuacalli – “a casa na terra cercada por dois mares” na língua Nahuatl – concluído apenas após sua morte.

Concebido para ser o estúdio do artista, mas também para abrigar sua extensa coleção de artefactos pré-hispânicos com quase 60.000 itens, Anahuacalli foi construído inteiramente em pedra, com diversas câmaras, degraus, nichos e portais triangulares. Cabeças de Quetzalcoatl, a serpente emplumada da mitologia mesoamericana, estão presentes em cada ponto cardeal. No ponto mais profundo, a fonte de Tlaloc, o deus das chuvas que guarda o acesso às entranhas da terra.

Os murais formados por mosaicos em pedra ocupam uma posição diferente da usual: estão espalhados pelos tetos nos três pisos do museu. São serpentes, sóis, animais e símbolos que assumem uma função decorativa e narram algumas lendas pré-colombianas na visão do artista.

  • A OBRA: Mosaicos no Museo Anahuacalli
  • COMO CHEGAR: Pegue o Metro até a Estação Tasqueña (ponto final da linha 2). Caminhe até o terminal Tren Ligero e peque novo trem, descendo na Estação Xotepingo  (http://www.ste.df.gob.mx/servicios/trenligero.html).  Atravesse a avenida pela passarela e pegue a primeira rua à esquerda. Siga em frente por cerca de 800 metros, seguindo as placas indicativas até o museu.

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  • HORÁRIOS E PREÇOS: Aberto de quarta a domingo, entre 11:00 e 17:30. A entrada custa M$ 35,00 (cerca de R$ 6,00).

MURAIS DE DIEGO RIVERA NO MÉXICO: (14) ESTÁDIO OLÍMPICO UNIVERSITÁRIO

19 jan

A Universidad Nacional Autónoma de México (UNAM) foi criada em 1910 como uma alternativa às instituições de ensino tradicionalmente ligadas a Igreja Católica e ao longo de 4 décadas foi conquistando sua completa liberdade na definição dos currículos e regimentos, no uso do orçamento e nas políticas de segurança interna.

A Ciudad Universitaria, construída entre 1949 e 1952, é um raro exemplo do trabalho conjunto de mais de 60 arquitetos, urbanistas, engenheiros e artistas para criar um conjunto harmônico de arquitetura modernista, historicismo regionalista e integração plástica únicos no mundo, elevado em 2007 à categoria de Patrimônio da ˙Humanidade pela Unesco.

Diego Rivera era responsável pelos murais ao redor do Estádio Olímpico Universitário que deveriam cobrir toda a extensão de 14.000 m2 mas que nunca foram finalizados. O único segmento concluído, sobre a entrada principal, é composto de um homem e uma mulher, ao lado do condor símbolo da Universidade, segurando a tocha Olímpica. Em baixo das asas do pássaro, uma criança representando o novo México tenta se levantar auxiliada pela mãe de traços indígenas e pelo pai de características ibéricas.

  • A OBRA: La Universidad, la Família e el Deporte en México
  • COMO CHEGAR: A Cidade Universitária da UNAM fica ao sul da capital mexicana. O Estádio fica na parte oeste do campus e será preciso caminhar pelo campusAcesso pelas estações Copilco ou Universidad (Metro linha 3) distantes cerca de 1,5km ou pela estação Dr. Gálvez (Metrobus linha 1) a cerca de 600 metros.

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  • HORÁRIOS E PREÇOS: O Estádio geralmente não está aberto para visitação, mas o mural pode ser visto tranquilamente através das grades. Visitas guiadas pela UNAM, com cerca de duas horas de duração, acontecem de segunda a sexta às 10:00 e 15:00 horas e  podem ser agendadas gratuitamente pelo email visitas@unam.mx .

MURAIS DE DIEGO RIVERA NO MÉXICO: (13) TEATRO DE LOS INSURGENTES

18 jan

Nos anos 50 o México apresentava um crescimento econômico vigoroso que se refletiu em rápidas mudanças urbanas na capital, com a abertura de largas avenidas, a construção de arranha-céus à semelhança do que acontecia nos EUA e a inauguração de condomínios de luxo nas franjas da cidade. O núcleo de entretenimento, antes restrito ao centro, passou a se expandir para a região sul da cidade

O Teatro de los Insurgentes, na avenida de mesmo nome, estava sendo construído para receber todos os tipos de peças teatrais e teria capacidade para 1100 espectadores. O projeto do arquiteto modernista Alejandro Prieto incluía uma grande fachada convexa de 550 m2, ideal para a nova criação de Rivera.

Inaugurado em 1953, Historia del Teatro en México foi realizado em poliestireno e coberto por mosaicos em estilo veneziano.  Mostrava um grande palco onde contracenavam de maneira caótica os diversos “atores” da história do país: divindades aztecas, conquistadores espanhóis, líderes da Independência e da Revolução mas também personagens do teatro dos séculos XIX e XX. Ao centro, uma grande máscara e mãos femininas enluvadas e sobre elas o maior ator do teatro e do cinema mexicano da época, Cantinflas, em uma cena na qual recebia dinheiro dos ricos e dava aos pobres.

  • A OBRA: Historia del Teatro en México
  • A OBRA: Historia del Teatro en México (DETALHE)
  • COMO CHEGAR: Existem 4 corredores de ônibus que cobrem a Cidade do México, chamados Metrobus. Pegue a linha 1 (norte-sul) que corta a região central no Paseo de la Reforma e que se conecta com a estação de Metro Insurgentes (linha 1) e com o Metro Revolución (linha 2). Desça no ponto Teatro Insurgentes. Maiores detalhes e mapas podem ser obtidos em http://www.metrobus.df.gob.mx/.

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  • PREÇOS E VALORES: O mural fica na fachada do teatro, portanto não há hora preocupação com horário nem cobrança de ingressos. Se houver interesse, ainda há peças em exibição, geralmente de sextas a domingos com valores variando entre M$ 200,00 e M$ 600,00 (R$ 33,00 – R$ 100,00).

MURAIS DE DIEGO RIVERA NO MÉXICO: (12) CÁRCAMO DEL RÍO LERMA

17 jan

A Cidade do México, a 2700 metros de altitude, por muitos anos enfrentou um enorme desafio associado ao abastecimento de água potável oriunda dos mananciais localizados em um nível quase 1000 metros mais baixos. Somente em 1943 o problema foi resolvido com a conclusão das estações de bombeamento e armazenamento de água, iniciadas 30 anos antes.

O Cárcamo (“moinho hidráulico”) de Dolores localizada no Bosque de Chapultepec, era responsável por receber as águas do Rio Lerma e em 1952 foi modificada por Diego Rivera e pelo arquiteto Ricardo Rivas que buscaram integrar a arte a uma obra de engenharia urbana, ilustrando o valor da água na cultura mexicana e celebrando as conquistas tecnológicas.

A câmara de distribuição da estação foi recoberta por 220 m2 de murais criados em poliestireno e borracha para serem parcialmente submersos, com o tema “El agua, origen de la vida sobre la tierra“. As comportas de entrada foram ilustradas com os engenheiros e projetistas que desenvolveram o sistema, as paredes laterais com figuras femininas mostrando a origem da vida, o piso com um conjunto de organismos aquáticos e o ducto de saída rodeado por duas mãos que recolhem a água.

À frente da estação, Rivera também construiu uma fonte com mosaicos de pedras e materiais marinhos. A Fuente de Tlaloc mostra o deus azteca das chuvas em sua dança de fertilização segurando em uma mão grãos de milho e em outra gotas de chuva, que dialogam com composições semelhantes existentes na Represa de Guanajuato, sua cidade natal.

Severamente danificados pela ação do tempo e do fluxo de água, a estação foi finalmente desativada e restaurada em 1994.

  • A OBRA: El agua, origen de la vida sobre la tierra
  • A OBRA: La Fuente de Tlaloc
  • COMO CHEGAR: Um dos segredos escondidos na segunda seção do Bosque de Chapultepec, portanto o acesso por transporte público é um pouco mais difícil: cerca de 1000 metros. Pegue o Metro até a Estação Constituyentes (linha 7). Atravesse as duas grandes avenidas (Constituyentes e o Periférico) utilizando as passarelas. Uma sugestão é seguir as placas sinalizando La Feria (um grande parque de diversões próximo). Caminhe ao lado do Museo del Niño (verá uma enorme cúpula azul ao seu lado esquerdo) e chegará ao parque. Passando os enormes depósitos de água circulares chegará ao Cárcamo. Existe sempre a opção de pegar um taxi, por exemplo, da entrada principal do Bosque (Estação Chapultepec- linha 1) pedindo para parar no Museu de História Natural ou em “La Feria”.

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  • HORÁRIOS E PREÇOS: De terças a domingos, das 10:00 às 17:00 h. Ingressos por M$ 21,50 (R$ 7,00) vendidos no próprio local ou no Museo de Historia Natural (cerca de 200 metro adiante, após o lago).

MURAIS DE DIEGO RIVERA NO MÉXICO: (11) HOSPITAL GENERAL “LA RAZA”

15 jan

Ao final dos anos 40 o governo mexicano trabalhava para expandir a rede de assistência à saúde na capital que havia dobrado de tamanho na última década e que já apresentava uma congestão dos serviços na região central.

Em 1952 foi inaugurado o Hospital General de La Raza com objetivo de descentralizar os serviços e atender a demanda originada nessa região industrial ao norte da cidade.

Embora tenha sofrido muitas alterações no seu entorno e em seu projeto original, a proposta inicial era de uma integração da arquitetura hospitalar com a pintura e a escultura, onde os murais dos já internacionalmente reconhecidos Diego Rivera e David Alfaro Siqueiros  seriam símbolos da Medicina como proposta de justiça social.

Localizado no hall de acesso principal, Historia de la Medicina en México: el Pueblo en Demanda de Salud em seus 10,8 por 7,4 m parte da Medicina dos povos pré-colombianos, com seus modelos de cura com ervas medicinais, até chegar aos tempos recentes exaltando os avanços científicos e tecnológicos.

A composição é rica em movimentos, com ritmos marcados pela repetição de curvas apoiadas em uma estrutura diagonal. Na parte central vemos Tlazolteotl, a deusa da terra e do sexo, associada a renovação da energia pelos antigos aztecas. À direita uma árvore amarela apenas com folhas, associada às tradições pré-hispânicas e à esquerda, uma árvore vermelha de onde nascem os frutos representando o conhecimento científico moderno.

O mural tem uma dimensão total de 120 m2, 7 dos quais preenchidos por mosaicos vitrificados, iniciando uma experiência com um material que viria a substituir os afrescos em diversas das suas obras a partir de então .

  • A OBRA: Historia de la Medicina en México: el Pueblo en Demanda de Salud
  • A OBRA: Historia de la Medicina en México: el Pueblo en Demanda de Salud (DETALHE)
  • COMO CHEGAR: Pegue o metrô até a Estação La Raza (linhas 3 ou 5). Opte pela saída “Insurgentes”. Siga reto por cerca de 300 metros até próximo ao viaduto. Vire a direita e cruze a avenida pela passarela.

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  • HORÁRIOS E PREÇOS: O mural está no hall principal. Eventualmente será necessário alguma identificação na portaria. Não há cobrança de ingressos e lembre-se de que está em um hospital em funcionamento e não em um museu, portanto seja discreto ao tirar fotografias.

MURAIS DE DIEGO RIVERA NO MÉXICO: (10) MUSEO MURAL DIEGO RIVERA

13 jan

A Alameda Central é um emblemático parque na região central da Cidade do México desde o império azteca, quando foi centro de trocas comerciais, atingindo seu auge nos séculos XVIII e XIX quando se tornou símbolo do orgulho nacional e da prosperidade do país, onde as mulheres da alta sociedade desfilavam as jóias e os modelos trazidos de Paris. Nas primeiras décadas do séculos XX ainda era um local valorizado, cercado por hotéis de luxo e cinemas.

Em 1932 se iniciaram as construções do emblemático Hotel de Prado, na esquina das avenidas Juárez e Revillagigedo, inspirado na arquitetura dos novos prédios Art Deco americanos, sendo o primeiro hotel da cidade a contar com estacionamento privativo além de acesso exclusivo para um cinema e centro de compras. Dentro das estratégias de promoção do empreendimento, Rivera foi convidado em 1947 para pintar um mural de 15 x 5 m para a recepção.

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Hotel del Prado em antigo cartão postal
(http://www.cronistasdf.org.mx/10143/98727.html)

Sueño de una Tarde Dominical en la Alameda Central retrata personagens da história do país em uma espécie de passeio pelo parque, incluindo a caveira “Catrina” (sátira da aristocracia na virada do século que se tornou um símbolo do tradicional Dia de los Muertos no país), Frida Kahlo e a si mesmo, como criança.

A maior polêmica se deu pela inscrição “Dios no existe” presente no mural e que provocou a recusa do arcebispo local em benzer o hotel em sua inauguração e a uma tentativa de destruição do painel em 1948, o que acabou levando à sua cobertura por 8 anos até que Rivera tenha aceitado substituir a frase por  “Conferencia de San Juan de Letras”.

Em 1987, 15 meses após o gigantesco terremoto que atingiu a capital, o mural foi retirado do hotel prestes a ser demolido e transferido para um espaço alguns metros adiante que veio abrigar o atual Museo Mural Diego Rivera em um enorme processo de deslocamento de quase 35 toneladas (mais informações em: http://www.nytimes.com/1987/01/04/arts/rivera-mural-in-mexico-awaits-its-new-shelter.html)

  • A OBRA: Sueño de una Tarde Dominical en la Alameda Central
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Antiga foto com o mural ainda no interior do Hotel del Prado.
(http://www.artgalleryabc.com/rivera/blog)

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Detalhe, mostrando a caveira “Catrina”, Frida Kahlo e Rivera jovem, à E.
http://www.brownpride.com/history/history.asp?a=diegorivera/rivera_dream)

  • COMO CHEGAR: O Museu fica entre as ruas Colón e Balderas, a oeste da Alameda Central, cerca de 50 metros da Estação de Metro Hidalgo (linha 2 – azul / linha 3) ou a 600 metros do Palacio Bellas Artes em uma caminhada através da Alameda Central.

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  • HORÁRIOS E PREÇOS: De terça a domingo das 10:00 às 18:00 horas. Ingressos por M$ 19,00 (cerca de R$ 3,00) com a entrada gratuita aos domingos.

MURAIS DE DIEGO RIVERA NO MÉXICO: (9) INSTITUTO NACIONAL DE CARDIOLOGIA

13 jan

O período que se seguiu à inauguração do Palacio de Bellas Artes foi marcado pela expulsão de Diego Rivera do Partido Comunista devido seu envolvimento com Leon Trotsky (asilado no México) e pela subseqüente perda de qualquer financiamento público para suas obras. Entre 1935 e 1943 produziu um único mural para o City College de San Francisco, dedicando-se à pintura de retratos e telas naïve e surrealistas.

É bem possível que nessa estadia em San Francisco tenha travado contato com os murais que um ex-aluno, Bernard Zakheim, produziu para Faculdade de Medicina da Universidade da Califórnia com o tema da luta da Medicina moderna contra a religião e a superstição (veja foto abaixo).

Retornando ao México foi contratado pelo médico Ignacio Chávez para pintar dois murais de 4 x 6 m sobre a história da Cardiologia para o hall de entrada do auditório do novo instituto que seria inaugurado em 1944 para receber o próximo Congresso Interamericano de Cardiologia.

O próprio Dr. Chávez em suas notas pediu para que Rivera “mostrasse o avanço da ciência e como esse avanço é lento e difícil, como cada um desses homens teve que lutar contra a rotina, a ignorância e o fanatismo”. Queria que “pudesse encontrar uma maneira de pintar esses homens que se movem a duras penas em uma marcha ascendente…” O pintor respondeu retratando os cientistas em degraus e nichos numa composição que levava os olhos sempre para cima, culminando com a porta do Instituto, presente no segundo painel. Seguindo as sugestões do médico agrupou de um lado os anatomistas e fisiologistas que contribuíram com o conhecimento a respeito do coração e da circulação (Galeno, Vesalius, Malpighi, Harvey) e do lado oposto os clínicos responsáveis pelos avanços no diagnóstico e tratamento das doenças. Na base dos murais coloridos, à semelhança do padrão nos Palácio de Cortés em Cuernavaca e no Palacio Nacional, Rivera pintou pequenos painéis em tons “grisalhos”, mostrando  a Medicina no México pré-colombiano.

  • A OBRA: History of Medicine in California (Bernard Zackheim, 1939-1941) – Faculdade de Medicina da Universidade da Califórnia

  • A OBRA: Historia de la Cardiologia – Diego Rivera (primeiro painel)
  • A OBRA: Historia de la Cardiologia – Diego Rivera (segundo painel)
  • COMO CHEGAR: Um grande desafio descobrir aonde estavam os murais. Por fim, foram transferidos para a nova sede do Instituto de Cardiologia construído nos anos 70  na região sul do cidade. Pegue o Metro até a Estação Tasqueña (ponto final da linha 2). Caminhe até o terminal Tren Ligero e peque novo trem, descendo na Estação Xomali. Atravesse a avenida pela passarela, vire à esquerda contornando o Instituto de Reabilitación. Caminhe cerca de 600 metros pelo Boulevard Adolfo Ruiz Cortines passando por baixo do viaduto. Em frente ao Instituto Psiquiátrico utilize nova passarela e cruze a avenida. Opção mais fácil é pegar um táxi direto do Terminal Tasqueña até a Zona de Hospitales de Tlalpan (cerca de 20 minutos).

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  • HORÁRIOS E PREÇOS: Os murais estão no hall de acesso da portaria principal. Eventualmente poderá ser solicitado a mostrar alguma identificação. Não há cobrança de ingressos, mas lembre-se de que está em um hospital em funcionamento e diferente de um museu, seja comedido ao tirar fotos.