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PINTURAS DE MASACCIO NA TOSCANA (7) SANTA MARIA NOVELLA – FIRENZE

28 mar

A igreja dominicana de Santa Maria Novella guarda alguns dos mais interessantes detalhes da arte e da arquitetura renascentista. Construída em estilo romanesco-gótico ao longo dos séculos XIII e XIV, teve sua fachada completamente modificada pelo arquiteto e filósofo Leone Battista Alberti em 1470, integrando características da proporcionalidade clássica à então existente estrutura medieval. Para tanto criou um padrão de frisos em mármore branco e verde, sustentado por enormes colunas com um trígono na parte superior (um claro diálogo com a arquitetura dos templos gregos da Antiguidade clássica), mas inovando ao preencher os espaços laterais com duas enormes volutas em forma de “S”, dando origem a um padrão que ficou de tal maneira associado a arquitetura religiosa que persiste até hoje na construção das igrejas católicas.

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Fachada da Basílica de Santa Maria Novella com a voluta em “S”.
[www.guiaflorenca.net]

No interior da igreja, no terceiro tramo do corredor esquerdo, está a última obra conhecida de Masaccio: o afresco la Trinità, produzida possivelmente entre 1426 e 1428. Diferente do usual, la Trinità está posicionada de maneira assimétrica em relação às outras capelas, exatamente em frente à porta que conduz ao cemitério anexo à basílica, acentuando ainda mais os efeitos da perspectiva. Curiosamente, por mais de 200 anos o afresco permaneceu escondido atrás de um retábulo construído por Giorgio Vasari, preocupado não apenas em conservá-lo mas principalmente em protegê-lo das reformas em curso no interior da igreja, retornando à sua posição original apenas em 1860.

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La Trinità
[John T. Spike, Masaccio, Rizzoli libri illustrati, Milano 2002]

Nas palavras do historiador da arte Hans Belting “…em um dos corredores laterais da antiga Sacristia, as paredes contêm uma abertura que existe apenas na pintura. A ficção é total quando o espectador permanece de pé no ponto exato da nave em que a perspectiva foi calculada… O que nós vemos não é uma parede plana nem uma capela genuína, mas um híbrido entre pintura e arquitetura. A capela imaginária é elevada a um nível que somente pode ser alcançado com o nosso olhar, sem que jamais possamos entrar com nossos pés…”

O tema do afresco, que pode ser remontado em até 8 planos diferentes, envolve a imagem de Deus (mais ao fundo) que segura o Jesus crucificado tendo aos seus pés Maria e São João (planos intermediários) circundados por uma grande arcada. Mais à frente, externos a esse primeiro grupo, encontram-se as figuras de dois patronos (possivelmente das famílias Lanzi ou Berti) e finalmente um sarcófago com um esqueleto e os dizeres ” IO FU’ GIÀ QUEL CHE VOI SETE, E QUEL CH’I’ SON VOI ANCO SARETE”, algo como “Eu fui o que tu és, e o que eu sou tu serás”. Assim, o conjunto serviria como uma lembrança da transitoriedade da vida e da fé como única salvação.

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Interessante esquema mostrando o efeito aos olhos do espectador, com a delimitação de até 8 planos de profundidade.
[http://www.istitutomaserati.it/prospettiva/Storia/Masaccio.html]

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Marcações com um dos pontos-de-fuga utilizados pelo pintor.

  • COMO CHEGAR:

A igreja de Santa Maria Novella está situada praticamente em frente à principal estação ferroviária de Firenze (que não por acaso recebe o mesmo nome), junto ao centro histórico da cidade.

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  • HORÁRIOS E PREÇOS:

O complexo compreende a basílica, o museu e o claustro grande, existindo duas entradas distintas: pela praça da estação ou pela praça em frente à igreja. Os bilhetes custam € 5.00 e a visitação pode ser feita de segunda a quinta entre 9:00 e 17:30; às sextas entre 11:00 e 17:30, aos sábados entre 9:00 e 17:00 e aos domingos entre 13:00 e 17:00 (para evitar confusão, consulte os horários atualizados aqui). A visita da basílica (onde está a obra de Masaccio) pode ser feita gratuitamente nos horários das missas que acontecem diariamente à 18:00 horas. Fotos não são autorizadas.

  • SITES:

http://www.chiesasantamarianovella.it/

http://www.casasantapia.com/art/masaccio/trinity.htm

PINTURAS DE MASACCIO NA TOSCANA (6) MUSEO NAZIONALE DI SAN MATTEO – PISA

18 mar

Pisa quase sempre é lembrada pela sua Torre Inclinada na Piazza del Duomo, um dos símbolos mais geniais da arquitetura medieval que acaba obscurecendo outras obras escondidas nas vielas da cidade às margens do Arno.

O Museo Nazionale di San Matteo, localizado em um antigo convento do século XI, guarda um dos maiores conjuntos de esculturas, cerâmicas e pinturas medievais e primo-renascentistas italianas, entre elas um dos painéis que originalmente fazia parte do “Polittico de Pisa”.

Tal políptico é certamente a composição mais bem documentada de Masaccio, pintada para a Igreja de Santa Maria del Carmine de Pisa durante o ano de 1426, em intervalos do trabalho que fazia para a Capella Brancacci na igreja da mesma congregação em Firenze.

Em têmpera sobre madeira com fundo a ouro, era composto por 10 painéis principais, 4 painéis laterais e 3 predellas, dos quais apenas 11 fragmentos sobreviveram, espalhados atualmente por museus na Alemanha (Gemäldegalerie), Itália (Museo Capodimonte di Napoli), Inglaterra (National Gallery) e nos EUA (Getty Museum).

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Esquema sugerido para o “Polittico di Pisa” de Masaccio.
[it.wikipedia.org]

Olhando cada obra isoladamente praticamente não somos capazes de identificar o trabalho de perspectiva tão presentes nas pinturas de Masaccio realizadas no mesmo ano. Assim, especula-se que havia um ponto-de-fuga único que unia e integrava o políptico, ao mesmo tempo em que o incorporava à arquitetura original da igreja, fato que poderia ser explicado pelos detalhes de luz e sombra diferentes em cada fragmento.

No Museo Nazionale de Pisa temos em exibição apenas o São Pedro, um dos possíveis painéis laterais, retratado com traços bem marcados, uma longa barba e uma postura filosófica, usando um longo manto vermelho e segurando na mão direita a espada e na esquerda a Bíblia, de acordo com a iconografia da época.

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São Paolo, Tríptico de Pisa
[http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Masaccio,_polittico_di_pisa,_san_paolo,_pisa_51x30_cm.jpg]

Madona col Bambino, Tríptico di Pisa, atualmente na National Gallery, Londres.[it.wikipedia.org]

Madona col Bambino, painel central do Tríptico de Pisa, atualmente na National Gallery, Londres, com algumas semelhanças com a Madona do Tríptico di San Giovenale.
[it.wikipedia.org]

Uma das predellas, hoje em Berlim, em que a perspectiva é dada pela inclinação do corpo do cavalo, semelhante ao efeito dado pelo corpo do cão na predella do Tríptico Carnesecchi.

Uma das predellas, hoje em Berlim, em que a profundidade é dada pela inclinação do corpo do cavalo, semelhante ao efeito dado pelo corpo do cão na predella do Tríptico Carnesecchi.

  • COMO CHEGAR:

Pisa é um destino comum de excursões que chegam diariamente de Firenze, Roma ou Milão criando longas filas para visitar a Torre Inclinada.

Se tiver algum tempo, é possível fazer uma agradável caminhada e visitar o Museo Nazionale que fica a cerca de 1,5km da Piazza de Duomo, às margens do Rio Arno.

Uma opção é pegar um ônibus na parada Arcivescovado, em frente à Torre (linhas 4 ou 21) e descer na parada Mediceo 2, em frente ao museu. Maiores informações de horários podem ser encontradas no site da empresa CPT – Compagnia Pisana Transporti.

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  • HORÁRIOS E PREÇOS:

O museo está aberto durante a semana das 8:30 às 19:00 e aos finais-de-semana das 8:30 às 13:00. Fecha segundas-feiras.

Os ingressos custam € 5.00 .

PINTURAS DE MASACCIO NA TOSCANA (5) CAPELLA BRANCACCI, SANTA MARIA DEL CARMINE – FIRENZE

17 mar

A Capella Brancacci, cuja construção no interior da Basílica de Santa Maria del Carmine foi encomendada no final do século XIV pela família de ricos comerciantes de seda, teve sua decoração interna parcialmente elaborada por Masolino e pelo seu jovem ajudante Masaccio entre 1924 e 1928.

A intenção de Felice Brancacci, então embaixador de Firenze no Cairo, era homenagear São Pedro, o patrono da família, e ao mesmo tempo prestar apoio ao retorno do papado a Roma após o Grande Cisma da Igreja Católica encerrado 5 anos antes. Sem uma ordem que permita uma leitura linear das passagens bíblicas, a capela tem 15 afrescos associados principalmente à figura do apóstolo Pedro, fundador da Igreja Católica e primeiro papa, 5 dos quais elaborados por Masaccio e outros 2 em que teve participação direta.

Com a ida de Masolino para a Hungria, a morte precoce de Masaccio e a retomada do poder em Florença pelos Medici, inimigos dos Brancacci, a obra permaneceria inacabada por cerca de 5 décadas até ser finalizada por Filippino Lippi em 1480.

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Capella Brancacci
[www.propofs.com]

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Esquema da CApela Brancacci com os afrescos e respectivos pintores
[http://cmapspublic.ihmc.us]

  • A Expulsão dos Jardins do Éden: 

O primeiro dos sete afrescos compostos por Masaccio, localizado sobre o pilar esquerdo na entrada da capela (posição “a” no esquema acima), à frente do Pecado Original de Masolino. Observa-se Adão e Eva com faces desesperadas de vergonha e culpa, como nunca visto até então na pintura gótica medieval, deixando para trás os portões do Paraíso sob a espada do anjo que desce dos céus. No século XVIII as figuras, antes desnudas, receberam uma coberturas de folhas que persistiram até a última restauração nos anos 80. Sobre essa obra, discute-se a possível influência que exerceu em Michelangelo na versão que o artista produziu para a Capela Sistina no Vaticano cerca de 80 anos depois.

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Os rostos tampados de vergonha e as “vergonhas tampadas” antes da restauração
[http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/37/Masaccio-TheExpulsionOfAdamAndEveFromEden-Restoration.jpg]

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A “Expulsão do Paraíso” de Michelangelo na Capela Sistina (1508-1512) e as influências de Masaccio.
[http://www.sacred-destinations.com/italy/rome-sistine-chapel-photos/slides/ceiling-fall3-wga]

  • O Pagamento dos Tributos:

O grande afresco ocupa a parte superior da parede esquerda (posição “b) e foi produzido em 32 “giornatas” de trabalho, relacionado a uma passagem do Evangelho de São Mateus (Mt 17, 24-27):

“Tendo eles chegado a Cafarnaum, dirigiram-se a Pedro os que cobravam o imposto das duas dracmas e perguntaram: Não paga o vosso Mestre as duas dracmas? Sim, respondeu ele. Ao entrar Pedro em casa, Jesus se lhe antecipou, dizendo: Simão, que te parece? De quem cobram os reis da terra impostos ou tributo: dos seus filhos ou dos estranhos? Respondendo Pedro: Dos estranhos, Jesus lhe disse: Logo, estão isentos os filhos. Mas, para que não os escandalizemos, vai ao mar, lança o anzol, e o primeiro peixe que fisgar, tira-o; e, abrindo-lhe a boca, acharás um estáter. Toma-o e entrega-lhes por mim e por ti.”

Masaccio divide a seqüência em três grupos: à esquerda, Pedro retirando a moeda da boca do peixe; ao centro, Jesus cercado pelos apóstolos; e à direita, novamente Pedro agora entregando os tributos ao coletor. Não apenas o uso do contraste entre o claro-escuro definem os planos, mas principalmente o uso da técnica do ponto-de-fuga único direcionam o olhar do espectador para a figura de Jesus Cristo, do mesmo modo que o pintor já havia feito com a Madonna no Trittico di San Giovenale.

Existe uma discussão sobre a importância do tema do afresco no momento em que foi pintado. Em 1427 o governo de Firenze inicia o catasto, ou cadastro, para cobrança de taxas e impostos e destacar uma passagem bíblica em que o próprio Jesus aceita o pagamento de impostos poderia ser uma maneira de mostrar aos cidadãos a importância de suas obrigações cívicas.

Michelangelo, que era natural da Toscana e iniciou sua carreira como arquiteto e escultor, estudou exaustivamente os afrescos da Capella Brancacci antes de suas pinturas no Vaticano: um esboço guardado hoje em um museu na Alemanha mostra a reprodução de São Pedro pagando os tributos para o coletor.

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Linhas destacando o ponto-de-fuga que direciona o olhar do espectador para o rosto de Jesus Cristo.
[http://en.wikipedia.org]

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Estudos de Michelangelo sobre o afresco de Masaccio – Kupferstichkabinett, Munique

 

  • Batismo dos Neófitos:

Localizada no registro superior, ao lado direito do altar (posição “d” no esquema), o afresco retrata o momento em que São Pedro batiza os novos cristãos (ou neófitos) em nome de Cristo. Diferente do descrito em passagens bíblicas, aqui São Pedro é visto sozinho, sem a companhia de outros apóstolos, realçando a importância que se buscava dar à sua imagem.

Essa é o único afresco da Capella Brancacci elogiada por Vasari no livro “Vidas dos Artistas”, em que destaca o realismo com que os jovens desnudos são pintados, evidenciando a musculatura retesada pelo frio, bem como a maneira que Masaccio utiliza para representar a água, quase esfumaçada.

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[http://www.wga.hu/art/m/masaccio/brancacc/st_peter/baptism.jpg]

  • A Cura do Aleijado e a Ressurreição de Tábita:

Esse afresco na parede lateral direita (posição “e”) mostra em um mesmo plano dois milagres realizados por São Pedro. À esquerda a cura do aleijado e à direita a ressurreição de Tábata. Embora as passagens bíblicas que fazem referência aos milagres os descrevam na antiga Palestina, o cenário utilizado é claramente urbano, com suas loggias e construções que em muito lembram a Piazza della Signoria, bem como as vestimentas em estilo fiorentino da época.

No entanto, diferente do afresco dos Tributos em que o movimento da cena convergia para o rosto de Cristo, aqui todas as linhas se dirigem para um ponto central da composição aparentemente sem importância.

A obra é atribuída ao experiente Masolino, mas a utilização da técnica do ponto-de-fuga associa uma possível contribuição de Masaccio, que segundo o historiador da arte Roberto Longhi, também deve ter sido o responsável pelas figuras de fundo, propondo uma parceria em que o jovem pintor propunha o esquema em perspectiva enquanto Masolino pintava as figuras centrais.

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[http://it.wikipedia.org]

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O esquema perspectivo da obra
[http://www.ski.org/CWTyler_lab]

  • Ressurreição do filho de Teófilo e São Pedro no trono:

Localizado na parede esquerda, na parte inferior (posição “h” no esquema acima), esse afresco está relacionado a uma passagem descrita pelo padre Giacomo da Varazze no século XIII (o mesmo que escreveu sobre San Giuliano – ver post anterior) e não consta de qualquer dos Evangelhos. Pregando pela Antioquia, Pedro acaba sendo preso pelo governador Teófilo, só sendo libertado ao mostrar ser capaz de fazer um milagre: ressuscitar o filho do próprio governador, morto 14 anos antes. Após o milagre, toda a população da região se converte ao catolicismo e ergue uma monumental igreja, em cujo trono se senta o Santo.

Visto pelos críticos como de uma qualidade menor do que os afrescos anteriores, o grande destaque está na parte direita da pintura pelo modo como Masaccio utilizou as cores e os tons escuros para, junto com a disposição dos religiosos ajoelhados diante de São Pedro no trono, constituir seus efeitos de relevo e profundidade.

Nas extremidades podemos ver alguns retratos dos artistas da época: o próprio Masaccio, junto com Masolino e Bruneleschi à direita e Filippino Lippi, responsável pela finalização da capela 50 anos depois, à esquerda.

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[http://it.wikipedia.org]

  • São Pedro curando os enfermos com sua sombra:

Estando ao lado esquerdo do antigo altar (posição “i” do esquema), desaparecido nas inúmeras reformas da capela, o afresco de Masaccio mostra São Pedro caminhando ao lado de São João Evangelista e à medida que passa ao lado dos enfermos, estes se levantam curados. Dois já estão de pé agradecidos, o terceiro começa o movimento de se levantar e um quarto aguarda pela passagem do Santo.

Mais uma vez o cenário de Jerusalém é “atualizado” para uma paisagem urbana da Toscana, mais próxima do espectador. A perspectiva, por sua vez, direcionaria o olhar dos fiéis para o altar (ou para um afresco com a crucificação de São Pedro, destruído) que possivelmente se fundiria com parte de uma igreja representada nos fundos do afresco, criando um impressionante efeito óptico. Os personagens apresentam, por fim, um senso de seriedade e dignidade tipicamente renascentistas, fazendo com que o milagre e o poder de São Pedro pareçam mais importantes do que o senso de piedade e compadecimento diante dos doentes.

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A perspectiva leva o olhar do espectador para o altar, fundido com a pintura criando um interessante efeito óptico.
[http://www.studyblue.com]

  • Distribuição de esmolas e a Morte de Ananias:

Do lado direito do altar (posição “j”), Masaccio mostra São Pedro distribuindo esmola aos pobres e necessitados em um dia de inverno com o céu escuro. No chão diante de Pedro aparece o corpo de Ananias, que morre como castigo por ter guardado pra si uma parte dos lucros da venda de sua propriedade, mais uma referência implícita ao “cadastro” em curso em Firenze naquela mesma época.

Estilisticamente, a obra mostra um momento mais maduro do artista, seguro ao pintar as expressões faciais dos personagens e ao mostrar as construções de maneira menos estereotipada. A perspectiva utilizada cria um movimento em simetria com a composição do outro lado, direcionando o sentido do olhar para o altar.

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[it.wikipedia.org]

  • COMO CHEGAR:

A Capela Brancacci está localizada na Igreja de Santa Maria del Carmine, em Firenze.

Diferente das outras obras, todas em exibição na região central, essa igreja está do outro lado do rio Arno – ou Oltrarno – podendo se chegar até lá por uma curta caminhada de cerca de 1km a partir da Estação Ferroviária ou pegando o ônibus linha D “Stazione Galleria – Ferrucci” e descendo na parada Cestello (mais informações no site da empresa ATAF).

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  • HORÁRIOS E PREÇOS:

O acesso à capela se dá pelos pátios do claustro da igreja. A permanência é limitada a apenas 15 minutos por visitante.

O horário de funcionamento é de 10:00 às 17:00 nos dias de semana e de 13:00 às 17:00 aos finais-de-semana, permanecendo fechada para visitação às terças-feiras.

O ingressos custam € 4.00 e estão dentro do programa FIRENZE CARD.

PINTURAS DE MASACCIO NA TOSCANA (4) GALLERIA DEGLI UFFIZI – FIRENZE

28 fev

A Galleria degli Uffizi é o museu mais visitado da Itália e guarda o maior acervo mundial de pinturas renascentistas, sendo projetada em 1560 no formato de “U” pelo escritor, arquiteto e pintor Giorgio Vasari, autor do “Vidas dos Artistas” e o responsável pela criação do termo “Renascimento” para designar o movimento artístico ocorrido na região entre o final do século XIII e o século XVI. 

O palácio inicialmente deveria abrigar os gabinetes (ou uffizi) dos 13 magistrados além do Arquivo do Estado, sob supervisão direta do Grão-duque da Toscana, Cosimo I di Medici, No entanto, cerca de 20 anos após sua inauguração passou a exibir nas galerias do terceiro andar parte das pinturas e esculturas da família.

Gradualmente a coleção foi incorporando novas obras até ocupar completamente dois pavimentos do palácio, estando aberta para visitação pública desde 1765.

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Piazzale degli Uffizi, com os corredores da Galleria
[http://www.virtualuffizi.com]

Entre as obras de Giotto, Botticelli, Leonardo da Vinci, Raphael e Caravaggio, encontramos duas obras de Masaccio.

Sant’Anna Matterza foi pintada por Masolino e Masaccio para a igreja de Sant’Ambrosio em Florença, entre 1924 e 1925, poucos anos antes dos afrescos da capela Brancacci. A denominação matterza está relacionada à representação iconográfica das três gerações em planos diferentes conforme a idade mas também a importância: o menino Jesus no primeiro plano, a virgem Maria no plano intermediário e Sant’Ana – a avó – no terceiro plano.

Masaccio foi provavelmente o responsável pela virgem, pelo pequeno Jesus e por dois dos anjos que seguram o véu ao redor da anciã pintada por Masolino. O detalhe mais importante na obra é da mão direita de Sant’Ana, também criada por Masaccio, em posição estendida na direção do neto como que a determinar os espaços entre os três planos diferentes.

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Sant’Anna Matterza, de Masolino e Masaccio
[http://www.arte.it/opera/sant-anna-matterza-4796]

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Profundidade obtida com a Sant’Anna de mão estendida, detalhe pintado por Masaccio.

 A outra obra do pintor em exibição no museu é uma pequena têmpera sobre madeira de 24 x 18 cm, produzida apenas 3 anos mais tarde do que o quadro anteriormente descrito e que recebe a carinhosa denominação de Madonna del solletico ou a Virgem das Cócegas, pois retrata Maria de fisionomia séria como mandava a iconografia da época brincando com o filho que sorri ternamente. Um detalhe curioso é o pequeno amuleto de coral vermelho ao redor do pescoço do menino Jesus, para proteger do mau-olhado, estabelecendo um vínculo entre a dupla natureza de Cristo, humana e divina.

Pintada em 1428 para o Cardeal Antonio Casini, pouco se sabe sobre sua trajetória até ser recuperada entre as obras roubadas pelos alemães na Segunda Guerra, tendo sua autoria atribuída a Masaccio apenas em 1950 pelo historiador da arte Roberto Longhi.

O aspecto das fisionomias realçadas pelo contraste entre o claro e o escuro e a atitude humana da Virgem e do menino Jesus são sinais  impressionantes da revolução que acontecia no campo da arte durante o primeiro Renascimento, nítida na comparação entre as duas obras do pintor em exibição na Galleria.

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A Virgem das Cócegas
[http://sacrebleumoore.wordpress.com/2012/04/05/blu-come-il-manto-della-vergine-maria/]

  • COMO CHEGAR:

Um dos ícones da cidade de Firenze, a Galleria degli Uffizi está próxima à Piazza della Signoria, famosa pela estátua (hoje uma réplica) do Davi de Michelangelo.

As obras de Masaccio estão na sala 7, no segundo piso, dedicada a obras do Primeiro Renascimento.

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  • HORÁRIOS E PREÇOS:

O museu abre de terças a domingo, das 8:15 às 18:50 mas a bilheteria fecha 45 minutos antes. Os ingressos custam € 6,50.

Espere longas filas e uma certa dificuldade para comprar ingressos. Pelo adicional de € 4,00, há opção de compra antecipada de bilhetes por telefone  (Firenze Musei, Tel: 055 294883) ou pela internet no site B-ticket. Procure comprá-los com pelo menos uma semana de antecedência.

A melhor opção para aqueles que planejam passar alguns dias na cidade é o Firenze Card que permite o acesso durante 72 horas a todos os museus da cidade, sem a necessidade de enfrentar filas, com o custo de € 50,00.

PINTURAS DE MASACCIO NA TOSCANA (3) MUSEO HORNE – FIRENZE

24 fev

Boa parte das informações sobre San Giuliano (ou São Julião) vem da obra do padre dominicano Giacomo da Varazze escrita no século XIII sobre o filho de nobres que, ao nascer, foi amaldiçoado por bruxas a matar os próprios pais, narrativa que seria o tema principal das predellas do Trittico Carnesecchi (1423-1425).

Na história, Giuliano retornava da caçada sem saber da visita dos pais e acaba sendo enganado pelo diabo que o instiga com a idéia da traição pela esposa. Ao entrar na casa, raivoso, decapita o homem e a mulher que encontra na sua cama para só então reconhecer os corpos dos próprios pais. Arrependido pelo pecado, peregrina até Roma e usa toda sua fortuna construindo hospitais para os pobres em busca do perdão divino.

Por muitos anos uma pintura atribuída a Masolino, em exibição no Museu Ingres em Montalban na França, foi tida como pertencente à composição, retratando o santo conversando com o diabo (com corpo feminino e pés de ave) para logo depois entrar na casa e decapitar os pais.

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A história de San Giuliano por Masolino, hoje não reconhecida mais como parte do Trittico Carnesecchi
[http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/f8/Panicale_-_saint_julien.jpg]

No entanto, estudos recentes do Opifico delle Pietre Dure em Florença, um dos laboratórios de referência mundial em restauro e conservação de obras de arte, identificaram através dos lenhos da madeira utilizada e da composição do gesso uma pequena predella de Masaccio como parte original do Trittico.

A narrativa, muito semelhante, mostra Giuliano retornando da caçada acompanhado por um cão (esquerda), os pais mortos na cama (centro) e, por fim, o filho erguendo as mãos para o céu em sinal de lamento (direita).

Embora em estado precário de conservação, é possível ver dois detalhes importantes em relação ao domínio da perspectiva: a forma como o cachorro é encaixado em um pequeno espaço à esquerda dando um sentido de profundidade à cena e o uso da alternância entre o claro e o escuro para a delimitação das paredes dos cômodos.

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A predella “Storie di San Giuliano” de Masaccio, identificada recentemente como parte integrante do Trittico Carnesecchi original.
[http://it.wikipedia.org/wiki/File:Masaccio,_storie_di_san_giuliano.jpg]

  • COMO CHEGAR:

A pequena obra faz parte da coleção do Museo Horne, fundado pelo historiador da arte inglês Herbert Percy Horne no início do século XX com obras menores mas significativas de artistas renascentistas, localizado em um palácio fiorentino próximo à Igreja de Santa Croce, quase às margens do Rio Arno, em Firenze.

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  • HORÁRIOS E PREÇOS:

O Museo Horne encontra-se aberto de segunda a sábado entre 9:00 e 13:00 horas e os ingressos custam € 4,00.

 

PINTURAS DE MASACCIO NA TOSCANA (2) MUSEO DIOCESANO DI SANTO STEFANO AL PONTE – FIRENZE

19 fev

O  Trittico Carnesecchi marca a primeira colaboração entre o jovem Masaccio e o experiente Masolino de Panicale, pioneiro na utilização de tintas a óleo, quase uma década antes do pintor flamenco Jan van Eyck, e visto pelos historiadores hoje como um dos responsáveis pela introdução das novas tecnologias na arte renascentista.

Tal tríptico era composto por um painel central com a pintura da Madonna col Bambino e por dois painéis laterais com as imagens de Santa Catarina de Alexandria e de São Giuliano, além de três pinturas menores no friso inferior (predella) identificadas pelas descrições feitas por Giorgio Vasari em sua obra “Vidas dos Artistas”.

Originalmente produzido para a capela da família Carnesecchi em Santa Maria Maggiore em Firenze, entre os anos de 1423 e 1425, foi desmembrado no século XVII quando da re-estilização que a igreja sofreu para se adequar ao gosto barroco da época.

A Madonna permaneceu na pequena Santa Maria Novoli na periferia florentina até 1923, quando foi furtada e nunca mais recuperada e apenas o retrato de San Giuliano pintado por Masolino e uma das predellas , pintada por Masaccio, sobreviveram.

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Trittico Carnesecchi (estudo)
[http://www.carnesecchi.eu/Maggiore3.htm]

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San Giuliano, de Masolino
[http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/94/Masolino%2C_san_giuliano.gif]

  • COMO CHEGAR:

O San Giuliano de Masolino encontra-se hoje no Museo Diocesano di Santo Stefano al Ponte, em Firenze.

Esse museu, localizado na antiga Igreja de Santo Stefano, entre a Piazza della Signoria e a Ponte Vecchio, foi inaugurado nos anos 90 com a proposta de reunir obras que se encontravam espalhadas pelas igrejas da cidade sem condições adequadas de segurança e conservação. Reúne obras menores de Giotto, Paolo Uccello e Filippo Lippi, entre outros.

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  • HORÁRIOS E PREÇOS:

Funciona de segunda a sexta-feira, entre 14:00 e 18:00 horas. O ingresso custa € 2,00.

No entanto, como o espaço é alugado para eventos particulares, sua abertura pode sofrer algumas alterações.

 

 

PINTURAS DE MASACCIO NA TOSCANA (1) MUSEO MASACCIO D’ARTE SACRA – CASCIA DI REGGELLO

14 fev

Esse pequeno museu, instalado nos fundos da igreja de San Pietro na cidade de Cascia di Reggello, guarda a primeira obra do pintor renascentista que sem tem registro, produzida quando tinha 20 anos originalmente para a Basílica de San Lorenzo, em Firenze.

Trittico di San Giovenale foi descoberto apenas em 1961 escondido em uma casa adjacente à pequena capela de San Giovenale, a cerca de 2km da cidade de Reggello, provavelmente para ser protegida da pilhagem pelos soldados nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.

Na figura central do tríptico se observa uma Madonna col bambino sentada ao trono e, aos seus pés, dois anjos. As figuras ainda são pintadas dentro da tradição gótica, mas todo o espaço é unificado com um único ponto de fuga central que atrai o olhar do espectador para a imagem da virgem. Especula-se uma possível contribuição entre Masaccio e Brunelleschi, pois essas técnicas de perspectiva ainda eram pouco conhecidas dos artistas da região, mas já vinham sendo aprimoradas pelo arquiteto.

Nos painéis laterais estão quatro santos: Bartolomeo, Biagio, Antonio Abate e Giovenale, a quem a obra era destinada.

Outro aspecto interessante é a inscrição ANNO DOMINI MCCCCXXII A DI VENTITRE D’AP[rile] na base de madeira, em letras latinas maiúsculas ao invés das letras góticas comumente utilizadas até então.

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Detalhe da perspectiva com ponto de fuga direcionando o olhar do espectador para o rosto da virgem.

  • COMO CHEGAR:

A pequena cidade de Cascia di Reggello fica a cerca de 40 km de Firenze. A melhor maneira de chegar é de carro pela autoestrada A1 que liga Bologna a Roma, no caminho para Arezzo, pegando a saída Incisa-Regello e seguindo pela estrada provincial por mais 7 km. O museu fica nos fundos da igreja paroquial de San Pietro, na entrada da cidade.

Existe a possibilidade de ir de ônibus: a empresa ACV (Autolinee Chianti Valdarno) tem duas linhas desde Firenze (357/358) com tarifas a € 4,00.

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  • HORÁRIOS E PREÇOS:

O Museo Masaccio tem um horário de funcionamento bem restrito: apenas terças, quintas, sábados e domingos das 15:00 às 19:30. Aos finais de semana também permanece aberto das 9:30 às 12:30. No entanto visitas guiadas ou fora do horário habitual podem ser agendas pelo e-mail info@museomasaccio.it. Os ingressos custam € 3,00.

ROTEIRO #2: PINTURAS DE MASACCIO NA TOSCANA

10 fev

Masaccio, nascido Tommaso di ser Giovanni di Mone Cassai, foi um pintor fiorentino que viveu apenas 26 anos, responsável por uma pequena mas revolucionária produção artística em apenas 6 anos de atividade no início do século XV.

Embora tenha sido Giotto, cerca de 100 anos antes, o grande responsável pela ruptura da arte européia com a estética bizantina ao dar uma aparência mais “humanizada” com volume e tridimensionalidade aos santos, foi ele, Masaccio, um dos primeiros a usar a perspectiva linear explorando os “pontos de fuga”. Segundo um famoso historiador da arte, com Masaccio “Giotto nasceu novamente, retomando seu trabalho do ponto em que a morte o havia interrompido”.

Contemporâneo de Cósimo di Medici, um dos grandes mecenas do chamado Primeiro Renascimento, boa parte da sua obra está na cidade de Firenze e muitas vezes passa desapercebida pela grande parte dos turistas que visitam a cidade do David de Michelangelo e do Duomo de Brunelleschi.

Imagem

Auto-retrato (presumido) de Masaccio na obra “San Pietro in Cattedra” na Capella Brancacci
[http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/96/Masaccio_Self_Portrait.jpg]

  • AS OBRAS:
  1. Museo Masaccio, Cascia di Reggello
  2. Museo Diocesano di Santo Stefano al Ponte, Firenze
  3. Museo Horne, Firenze
  4. Galeria degli Uffizi, Firenze
  5. Capella Brancacci na Basilica de Santa Maria del Carmine, Firenze
  6. Museo Nazionale di San Matteo, Pisa
  7. Basilica di Santa Maria Novella, Firenze
  • SUGESTÃO DE ROTEIRO:

A maior parte das obras está em Firenze. A cidade é relativamente pequena e tudo pode ser facilmente visitado a pé. O grande desafio é organizar o tempo, já que as igrejas e museus (tanto quanto em todo o resto da Itália) têm horários de abertura e fechamento muito particulares. Se conseguir visitar as igrejas por último vai ser mais interessante pois perceberá mais claramente a revolução da perspectiva se comparado às obras iniciais.

  1. PRIMEIRO DIA: aproveite os três museus com as obras de Masaccio: o Museu Diocesano, o Museo Horne e por fim a Galleria degli Uffizi. Pode parecer pouco para apenas um dia, mas já que vai visitar a Galleria, provavelmente vai passar algumas horas vendo as obra de Giotto, Filippo Lippi, Botticelli, da Vinci, Michelangelo e Rafael. Então, não tenha pressa…
  2. SEGUNDO DIA: deixe para visitar as obras nas igrejas: a Capella Brancacci na Igreja de Santa Maria del Carmine, do outro lado do Rio Arno, e por fim a Trinità na Igreja de Santa Maria Novella, próxima à estação ferroviária.
  3. TERCEIRO DIA: caso for a Pisa, para ver a Piazza del Duomo com sua torre inclinada, pense em fazer uma visita ao Museu Nazionale e ver um dos painéis que foram pintados para a Igreja de Santa Maria del Carmine de Pisa e que acabaram desmembrados em museus na Alemanha e na Inglaterra.
  4. QUARTO DIA: se estiver a caminho de Arezzo ou de Assisi, faça um pequeno desvio (não mais do que 15 km) e veja a primeira obra de Masaccio no Museu de Arte Sacra de Cascia di Reggello.
  • QUANTO TEMPO:

Depende do interesse pessoal em arte e em especial no Renascimento. Para ver Masaccio é possível passar dois dias em Firenze, mas a cidade tem muito mais pra ser visto. Talvez uns 5 dias seriam mais adequados, embora seja possível ficar um mês na Toscana sem esgotar os museus e igrejas a serem visitados.

  • ONDE FICAR: 

Florença recebe cerca de 10 milhões de turistas por ano (para fins de comparação é o dobro do que o Brasil inteiro recebe em 12 meses…).

Espere uma cidade cheia, barulhenta, movimentada, com filas de algumas horas para entrar nos museus e restaurantes a preços acima dos encontrados em cidades menores da Itália, com o agravante de que todo o centro histórica é tombado pela Unesco e portanto hotéis muitas vezes não tem elevador nem banheiros nos quartos.

Se preferir uma noite mais tranquila, fique em hotéis ligeiramente afastados do centro.

Firenze também é uma boa opção para aqueles que não gostam de mudar de hotel diariamente em viagens pelo interior: Siena, Pisa, Arezzo e Lucca podem ser visitadas de trem ou de carro com viagens curtas de ida e volta no mesmo dia.

Existe a possibilidade, inclusive, de ida e volta a partir de Roma (o trem rápido faz o trajeto em cerca de 90 minutos)

  • IMPERDÍVEL:

Para aqueles com pouco tempo que tiverem que escolher uma única obra, sugiro a Trinità da Igreja de Santa Maria Novella, onde a perspectiva com ponto de fuga atinge um momento marcante dentro da história da arte.

  • ALÉM DO ROTEIRO: 

Talvez o equivalente de Masaccio na arquitetura tenha sido Filippo Brunelleschi. Sua obra mais conhecida é a Cúpula da Catedral (ou Duomo) de Firenze, construída entre 1419 e 1436 (portanto durante todo o período em que o pintor esteve ativo) e que representou uma conquista inédita para o período, sendo a maior cúpula erguida desde a Antigüidade.

  •  O FILME: 

Florença não está tão presente no cinema como Roma ou Paris. Uma sugestão é o filme Uma Janela para o Amor, de James Ivory (A Room with a View, 1985), ambientado na cidade na época de popularização do Grand Tour no século XIX.

  • OS LIVROS:

Em português, a volumosa obra de Giorgio Vasari Vidas dos Artistas (Martins Fontes, 2011) dedica um capítulo inteiro a Masaccio.

Em inglês, três obras para imergir na cultura Renascentista: Art in Renaissance Italy (Evelyn Welch, Oxford University Press 2007); The Stones of Florence, coletânea de resenhas da jornalista Mary McCarthy para a revista americana New Yorker (Harvest Book Harcourt, 1963) e Brunelleschi’s Dome (Ross King, Penguim Books 2000).

  • SITES ÚTEIS:

Uma boa dica é o site oficial da municipalidade de Firenze, com horários de funcionamentos dos museus, preços dos tickets e venda de ingressos: Polo Museale Fiorentino.

Para fotos e arquivos de imagens em boa resolução, o WikiPaintings, organizado por autor, obra e ordem cronológica.