A igreja dominicana de Santa Maria Novella guarda alguns dos mais interessantes detalhes da arte e da arquitetura renascentista. Construída em estilo romanesco-gótico ao longo dos séculos XIII e XIV, teve sua fachada completamente modificada pelo arquiteto e filósofo Leone Battista Alberti em 1470, integrando características da proporcionalidade clássica à então existente estrutura medieval. Para tanto criou um padrão de frisos em mármore branco e verde, sustentado por enormes colunas com um trígono na parte superior (um claro diálogo com a arquitetura dos templos gregos da Antiguidade clássica), mas inovando ao preencher os espaços laterais com duas enormes volutas em forma de “S”, dando origem a um padrão que ficou de tal maneira associado a arquitetura religiosa que persiste até hoje na construção das igrejas católicas.
No interior da igreja, no terceiro tramo do corredor esquerdo, está a última obra conhecida de Masaccio: o afresco la Trinità, produzida possivelmente entre 1426 e 1428. Diferente do usual, la Trinità está posicionada de maneira assimétrica em relação às outras capelas, exatamente em frente à porta que conduz ao cemitério anexo à basílica, acentuando ainda mais os efeitos da perspectiva. Curiosamente, por mais de 200 anos o afresco permaneceu escondido atrás de um retábulo construído por Giorgio Vasari, preocupado não apenas em conservá-lo mas principalmente em protegê-lo das reformas em curso no interior da igreja, retornando à sua posição original apenas em 1860. Nas palavras do historiador da arte Hans Belting “…em um dos corredores laterais da antiga Sacristia, as paredes contêm uma abertura que existe apenas na pintura. A ficção é total quando o espectador permanece de pé no ponto exato da nave em que a perspectiva foi calculada… O que nós vemos não é uma parede plana nem uma capela genuína, mas um híbrido entre pintura e arquitetura. A capela imaginária é elevada a um nível que somente pode ser alcançado com o nosso olhar, sem que jamais possamos entrar com nossos pés…”O tema do afresco, que pode ser remontado em até 8 planos diferentes, envolve a imagem de Deus (mais ao fundo) que segura o Jesus crucificado tendo aos seus pés Maria e São João (planos intermediários) circundados por uma grande arcada. Mais à frente, externos a esse primeiro grupo, encontram-se as figuras de dois patronos (possivelmente das famílias Lanzi ou Berti) e finalmente um sarcófago com um esqueleto e os dizeres ” IO FU’ GIÀ QUEL CHE VOI SETE, E QUEL CH’I’ SON VOI ANCO SARETE”, algo como “Eu fui o que tu és, e o que eu sou tu serás”. Assim, o conjunto serviria como uma lembrança da transitoriedade da vida e da fé como única salvação.
- COMO CHEGAR:
A igreja de Santa Maria Novella está situada praticamente em frente à principal estação ferroviária de Firenze (que não por acaso recebe o mesmo nome), junto ao centro histórico da cidade.
- HORÁRIOS E PREÇOS:
O complexo compreende a basílica, o museu e o claustro grande, existindo duas entradas distintas: pela praça da estação ou pela praça em frente à igreja. Os bilhetes custam € 5.00 e a visitação pode ser feita de segunda a quinta entre 9:00 e 17:30; às sextas entre 11:00 e 17:30, aos sábados entre 9:00 e 17:00 e aos domingos entre 13:00 e 17:00 (para evitar confusão, consulte os horários atualizados aqui). A visita da basílica (onde está a obra de Masaccio) pode ser feita gratuitamente nos horários das missas que acontecem diariamente à 18:00 horas. Fotos não são autorizadas.
- SITES:
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